BATE PAPO - Jayson Braga: futebol americano é com ele

Jayson Braga é um apaixonado pelo futebol americano. Nascido no Rio de Janeiro, onde mora com a família, teve seu primeiro contato com o esporte ainda moleque, nos idos de 1992. Como ele mesmo diz, numa época em que todo acesso que se tinha ao esporte era através de compactos da rodada e VTs transmitidos às terças-feiras, pela Rede Bandeirantes. Assim como ele, algumas centenas de jovens, hoje com idades entre 30 e 40 anos, tornaram-se os primeiros fãs do esporte no País.

Atualmente ele é responsável pela edição do Sideline (http://www.sidelinebrasil.blogspot.com/), um dos blogs mais completos sobre a prática do esporte no Brasil, moderador da Redzone, a maior lista de discussão da internet brasileira sobre o assunto, e uma das referências na divulgação do Football no País.

Químico de formação e um dos poucos torcedores do New England Patriots que não considera Tom Brady um Deus – o que demonstra a paixão maior pelo esporte em si - Braga é o protagonista que abre o “Bate-Papo”, espaço de entrevistas especiais do Jornal do Flag. Todos os meses, o blog trará aos leitores a opinião e comentários de personagens que fazem parte do mundo do futebol americano no Brasil, sejam eles atletas, treinadores, comentaristas ou simplesmente amantes do esporte.

JF - Como surgiu a idéia de fazer um blog sobre futebol americano?
JB - Inicialmente fui convidado para escrever algumas curiosidades e informações sobre a NFL numa revista virtual chamada Touchdown Magazine. A revista era produzida por uma rapaziada entendida do esporte e infelizmente foram editadas somente três edições até ser extinta. Logo, recebi outro convite para escrever num dos primeiros Blogs sobre a bola oval no Brasil, chamado BOLAOVAL.NET. A partir de então comecei a tomar gosto pela coisa, já que percebi que poderia ajudar de alguma forma escrevendo e divulgando sobre o futebol americano, principalmente o praticado no Brasil. Então foi assim que criei o Blog Sideline, que perdura por mais de ano, onde procuro apoiar o crescimento do esporte em terras tupiniquins.

JF – Já que a idéia do espaço é fazer uma cobertura do esporte aqui no Brasil, como você faz para obter as informações de diferentes lugares do País?
JB - Nossa! Se eu pudesse estaria presente em todas as partidas, fazendo uma cobertura com mais conteúdo, porém, não posso! Basicamente as informações são retiradas através de pesquisas na própria internet e, principalmente, através dos diversos amigos que praticam o esporte por esse Brasil afora. Amigos virtuais que acabei conhecendo através do futebol americano.

JF - O esporte tem crescido demais no País. Em sua opinião, qual o motivo que faz o futebol americano crescer tanto, em tão pouco tempo?
JB - Por mais que reclamemos que o esporte merece mais atenção da mídia esportiva em geral, não há como negar que há cerca de quinze anos passamos a ter um acesso maior através da TV fechada e, principalmente, pela internet. Acredito que a rede mundial de computadores foi o grande responsável pelo crescimento do esporte no Brasil. Basta digitar futebol americano ou NFL em qualquer site de busca, que com certeza milhões de informações chegarão até você sem sair de casa.

JF - O futebol americano passa por um momento de expansão, porém, ainda falta ao esporte uma maior organização nacional. Como você vê a questão?
JB - Essa questão de organização é bastante complexa. Não acho que as Ligas não têm organização, pelo contrário, um esporte totalmente sem apoio financeiro e sendo 100% amador, creio que muitos feitos precisam ser vangloriados por todos os envolvidos nessa organização. Cito como exemplo: a ida da primeira seleção nacional até o Uruguai. Agora, essa organização precisa ser feita por pessoas que tenham tempo necessário para se dedicar ao esporte, caso contrário às coisas acabam ficando estagnadas.

JF - A prática do futebol americano sem todos os equipamentos de proteção pode vir a ser uma propaganda negativa para o esporte?
JB - Não acho que seja uma propaganda negativa para o esporte, mas sempre alerto quando posso sobre a questão da segurança ao praticar o futebol americano. A contusão faz parte de qualquer atividade física, porém, quando se trata do futebol americano, um esporte 100% contato físico, creio que a integridade física do atleta esteja sempre na frente de qualquer assunto no que diz respeito à organização de uma simples partida. Agora, não há como negar que ao passar próximo a um campo com duas equipes uniformizadas e com equipamentos, com certeza iria chamar muito mais a atenção de todos, inclusive da própria imprensa.

JF - O que é melhor: poucos times realmente estruturados ou muitos times “correndo atrás” e tentando sobreviver?
JB - Olha, essa é uma excelente pergunta! No meu ponto de vista, acho que poucos times estruturados teriam mais chances para alavancar de vez o esporte no Brasil. Você poderia concentrar melhor toda parte financeira de uma equipe, o que claramente facilitaria ainda mais uma melhor organização. Cito como exemplo a Liga Uruguaia, Argentina e Húngara. Hoje essas Ligas tem uma média de dez equipes totalmente estruturadas com equipamentos e uma cobertura praticamente profissional da mídia. Acho que pessoal do Brasil deveria aumentar ainda mais o intercâmbio entre esses países, no intuito de aprender e obter informações reais de como fazer o esporte funcionar. Uma coisa é certa, capacidade nós temos.

JF - O desenvolvimento do esporte pelo Brasil caminha por diferentes “estradas”. Na sua opinião, existe o caminho certo ou todos estão corretos?
JB - Acho que tudo que esta sendo feito pelo esporte no Brasil tem validade. Infelizmente para esse tipo de esporte, somos um país imenso! Não tem como concentrar as idéias somente num estado ou numa região, sendo assim, sugiro uma espécie de “síndico com seus subsíndicos”. O síndico seria uma entidade nacional que responderia por todos os estados, porém, com seus subsíndicos administrando os regulamentos e suas competições determinadas por esse “síndico”. Tudo que ficaria determinado em São Paulo, por exemplo, seria idêntico para uma Liga em Manaus, talvez assim as coisas pudessem andar juntas.

JF - Em São Paulo, a liga mais forte é a de flag football. Qual é a percepção que você, um “cara de fora”, tem de como as coisas estão se desenvolvendo aqui no estado?
JB - Olha, pelo que eu percebo, acho que em São Paulo as coisas tendem a crescer muito! A modalidade Flag ajuda demais ao praticante entender toda a mecânica do jogo e com riscos bem menores para a prática do esporte. Quando converso com alguns amigos de São Paulo, percebo uma preocupação muito maior na questão da organização e principalmente na popularização do futebol americano no estado. Grandes iniciativas estão sendo tomadas por pessoas capacitadas e que querem fazer a coisa acontecer. Isso já é um bom começo. Outra sugestão seria tentar programar de uma vez por todas o Flag nas escolas, isso daria ao esporte uma maior visibilidade!

JF - Em São Paulo, diversos clubes do futebol começam a firmar parcerias interessantes com vários times. Corinthians, Palmeiras, Portuguesa e São Bento de Sorocaba já estão dentro. Como é que você vê essas parcerias?
JB - Isso eu diria que será o futuro do esporte se for feito com muita seriedade. Haja vista que é o nome de uma instituição importante numa nova modalidade esportiva que cresce no País. Apenas faço uma ressalva: Se a Liga não tentar o mais rápido possível se qualificar ainda mais e ou mostrar uma evolução no esporte, isso inclui na compra de equipamentos para os times, preparação e comprometimento, essas parcerias poderão acabar ficando para trás. No Rio de Janeiro, por exemplo: a equipe na qual o Fluminense cedeu o nome, não deu continuidade na evolução da equipe, inclusive já ficou de fora de vários campeonatos e nem sequer irá disputar o Carioca Bowl desse ano! Que isso sirva de lição para as equipes que firmaram essas parcerias importantes em São Paulo.

Jayson Braga: um "louco" pelo futebol americano